sábado, 7 de maio de 2011

Em defesa à vida


A discussão sobre as pesquisas com células tronco embrionárias não pode ser levada para o campo emocional. Um debate ético e racional é possível. Partindo deste pressuposto e da noção de que a questão envolve e valorização e o respeito à vida, é interessante pensar que "a interrupção de uma vida" pode salvar outras. É mais um paradoxo da ciência contemporânea. Como conciliar pontos tão importantes e tão opostos?

É fácil deixar-se convencer por imagens chocantes de abortos e estereótipos maquiavélicos de cientistas desumanos, criados para desprestigiar o trabalho de vários pesquisadores que têm como função prioritária o esforço para garantir a saúde e a qualidade de vida. Afinal, não é esse o juramento de todo médico ou qualquer outro profissional da área da saúde? O de lutar pela vida? Por mais estranho que pareça, estas pesquisas são produto deste esforço. Não é um jogo de vida ou morte. É a tentativa de reverter situações dramáticas, de devolver a felicidade e a esperança a tantas pessoas.

Considerando o aspecto prático do debate - a aprovação da Lei de Biossegurança no Brasil, a qual regulamenta o uso de células tronco embrionárias em pesquisas - é válido ressaltar que os pesquisadores não saem por aí colhendo células germinativas sem critério algum. O material é recolhido de bancos de armazenamento de células embrionárias que estão lá há mais de três anos, representando um risco de ineficácia para eventuais fertilizações; seriam descartadas. Triste não?

Quem acusa estas pesquisas de violar o direito inalienável à vida, de ser antiéticas e constituir crimes, esquece do quão útil já foi e está sendo à humanidade este trabalho. Ignoram a utilização de células tronco no tratamento de doenças adquiridas, como problemas cardiovasculares, genéticas, como diabetes tipo-1 e ALDs (AdrenoLeucoDistrofia), ou no tratamento para recuperação de tecidos e órgãos danificados por doenças ou traumas (doenças neurodegenerativas e nefropatias por exemplo). Desconhecem ( ou fingem esquecer) esta realidade juntamente ao fato de células tronco adultas possuírem capacidade de diferenciação reduzida, se comparadas às embrionárias.

Além de tudo, para os cientistas, não há assassinato, visto que somente a partir da formação do sistema nervoso, na sexta semana, considera-se vida. Como podemos permitir que milhares de pessoas sigam sofrendo pelo simples fato de a ciência não poder pesquisar curas? Até que ponto as pessoas que defendem toda esta ética "a favor de vidas" estão realmente lutando pela vida? Se ainda há dúvidas quanto à seriedade e humanidade destas pesquisas, um pouco de informação seria um bom começo.

Por Juliana Sampaio
Créditos da imagem: http://daniel-eloi.blogspot.com/2010/08/aprovado-testes-de-celulas-tronco-em.html

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